Haja primavera

No tempo em que havia primavera

flores nem havia no altar

- os escravos latiam na galera

que o senhor nem pão tinha para dar

Mas hoje que a riqueza nos inunda

há jardins e altares, muito pão

mas são tantos os ladrões que nem há mão

que os possa deter na força imunda

e pra melhor valer os seus enganos

o monstro logo vai com larga mão

povo enganar com prato de feijão

oh primavera, renasce de teus danos

de novo traz os risos teus ufanos

sinta-se o homem irmão de seu irmão