Eu... Humano

Sou a mortalha de quem fui

Num longínquo passado

Que quero deixar enterrado

Sem uma vela, nem resquícios de luz!

Sou um substrato dum passado

Onde o carbono era mais rijo

E o carvão fazia parte de minha constituição

Assim como hoje faz minha mão.

Não lembro daqueles tempos

Pelo menos finjo que deles me esqueci

Mas no subconsciente de meu sonhos

Vejo coisas que nesta vida nunca vi,

Ouço vozes que me soam familiares,

Vozes que nunca ouvi e não sei distinguir!

Hoje sou filho de mim mesmo

Em meu prescrito passado

Onde fui tudo, de assassino

A reles soldado.

Hoje também sou pai de mim mesmo

Em uma eterna gestação

Onde metamorfoseio-me

Para que num futuro

Quando eu irromper de meu casulo

Eu possa viver sem a aflição

De ser “humano, demasiado humano”

Este conflitante ser de mil facetas

Que não passa de poeira de cometas,

Este ser em eterna gestação!

JP 11:59 8/09/08