Soneto de um poeta moribundo

No âmbito vago que me enclausura

Divaga minha frágil solidão

Ecoa triste pela noite escura

Esse meu grito de dor e ilusão.

Eu me debato contra a armadura

Do desespero e da sofreguidão

Meu estado incerto beira a loucura

Meus sonhos eu já nem sei onde estão.

Vejo morrer o último alento

E mesmo mórbido ainda tento

Balbuciar as palavras finais.

O olhar se curva tão abatido

E de esperança me vejo despido

Feneço aqui e não digo nada mais.