Realismo
Eu não me apaixonei por uma fada
Que, voluptuosamente virgem, voa;
Caí tampouco aos pés de deusa boa,
Perfeita e pura amante imaculada.
Eu não me deparei, a estar à toa,
Com espectro de uma moça tão sonhada.
Também não fui mordido por toada
Da voz de uma sereia à minha proa.
Aquela que me encheu de amor o peito
E fez brotar-me aos olhos fonte triste
Que solvem sono e sonho quando deito
É uma humana que no mundo existe,
Cuja excelência me tornou sujeito
De amar-lhe a mácula que em si persiste.