Vago Soneto
És o meu único desejo, meu único pedido
És o meu leito para chorar, és a canção pra sepultar,
És minha única lembrança, minha única história
És minha travessia na morbidez, és minha noite, plena sensatez
És um temporal emaranhado, um temporal de lágrimas
És a armadilha deturpada, és a serpente depravada,
És o veneno que entorpece, o filho pródigo das trevas
És uma bala de canhão, és uma flecha no coração
Sou teu esquecimento, teu rascunho
Sou tua manhã mal recebida, sou tua desgraça renascida
Sou o teu rude sacramento, o teu perverso embaraço
Sou a besta malquista, és o servo da escuridão
És minha covardia, és a minha vasta poesia,
Sou o teu perjúrio, és a minha morte.