GLÓRIA A DEUS

Não pensem que morri, amigos meus.

Ainda suo a mente no trabalho,

Acendo a forja, amoldo o ferro, malho,

E crio estatuetas, glória a Deus!

De minha solidão, aos corifeus,

Aos cristãos e mendigos – rebotalho,

Aos deuses e poetas, digo, espalho,

Que a morte não me pega, eu sou de Deus!

Quando passar aos paramos sem fim,

Serei, além do hoje, um Querubim.

Resumido na luz do meu soneto.

Sem eivas de poder, bens de raiz,

Há de ficar a glória do que fiz,

No verso de uma quadra e de um terceto.

29-10-08, 3 da manhã.