Anjo da Paz

Sotaina ao vento a balouçar meiga e singela,

Passadas lentas, mergulhado em seu breviário,

Ia e voltava pelo pátio da capela

O Anjo da paz, o santo herói, o bom vigário.

E eu me acerquei com reverência e com cautela

Temendo importunar o santo missionário.

E ele parou; falamos muito, sem aquela

Velada cerimônia, em clima solidário.

Falamos sobre vários temas do momento,

Religião, ciência, vida no convento,

Trilha de luz, vereda aspérrima de abrolhos.

Mas, quando lhe falei de amor e de saudade,

Vi sumir-lhe da face anosa, a castidade,

E duas lágrimas caírem dos seus olhos!

Lucan
Enviado por Lucan em 19/03/2006
Código do texto: T125411