FÊNIX - Soneto

Hei de amar-te, ó donzela, se o decanto

Trás ao peito o temor por ter amado,

Se em débil coração carrego o fado,

Do fogo da paixão, o amargo pranto?

Hei de sonhar contigo, e te perder?

O Fênix das cinzas se levanta?

Fútil e tola idéia me acalanta:

Ser amado e amar o meu bem-querer.

Ó cruel destino. Fátua a esperança,

Ter crido e me entregado ao deus Cupido,

Se do amor, só uma réstia na lembrança.

Mas nas cinzas, o Fênix esquecido,

Ressuscita e bradeja com pujança:

- Hei de te amar, pois eu nunca hei morrido.

Moses Adam

Poá, Batuíra - 29.10.08