SER E NÃO SER


Em Deus esperançada e nele crente,
corta, corrente, caules negregosos,
corta os pés nos retolhos carrascosos,
cata talos de cana, dores sente.

Corre da testa os pingos pegajosos,
engole um gole d’água suja e quente,
faz os feixes do lote e, lentamente,
empina-os nos ombros escariosos.

Chora o pranto comum de viver entre
os vultos vagos de mulheres tidas
sem homens em que pense ou se concentre.

Que vão cortando o tempo em despedidas,
uma por uma acarinhando o ventre,
esperando o não ser de nova vida.

Odir, de passagem