Solitário amor

Beijo–te, mas não sinto os lábios teus,

Em nossos abraços foges de mim.

Voas no mar quando nada nos céus

Mas nos versos meus, amo-te inda sim!

Cultuo os vossos lábios tão plebeus

Tu desprezas-me, musa do marfim.

Eu vejo vossos olhar como meu deus

Já tu, vês no meu, um mero querubim.

Deitas aqui, mas dormes tão distante!

Estás, de certo, com outro a sonhar

E em vosso sonho, feliz a viver.

Pela ausência tua de vário instante

Tu estás, ninfa, demente a sepultar.

Quem nem teve o direito de nascer.