BANQUETE INFAME
Castiçais com velas, brindes, taças tilintando,
Sons chalreantes, renintentes, inundam meus ouvidos,
Sem motivo aparente os presentes vão brindando,
Aos fúteis e inúteis anos já vividos.
Estômagos cheios, caracteres desnutridos,
Corpos robustos e almas definhando,
Nem sabem ao certo o que estão comemorando,
Ingurgitam pratos caros e dessaboridos.
Ninfas com feições anêmicas e anoréxicas,
Padres, pastores, políticos e lésbicas,
Vibram, tomam vinho e comem lagosta,
E duas senhoras cheias de fineza e banha,
Devoram com volúpia uma iguaria estranha,
Que futuramente transformar-se-á em bosta.