Soneto Sujo

Este é um soneto sujo de lama;

tão imundo que dá enjôo à quem lê;

tão imundo que logo se sente feder,

um soneto sujo que vos chama.

Um soneto que vi no rio Tietê;

tão imundo que se queima em suja flama;

tão imundo: coração de cortesã dama,

um verso esdrúxulo e tão demodé.

Sim, senhores! Este é a lama em vós;

esta é a lama onde brincam as crianças

onde se infectam os sonhos e esperanças.

Ei-lo todo imundo diante de nós!

Um soneto que aqui começa a feder

como as margens do descaso do rio Tietê.

Valdemar Neto
Enviado por Valdemar Neto em 19/11/2008
Código do texto: T1292272
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