Saudade, saudade minha

Neste castro de saudade pousam aves

Plumas de vento salgas pelas mágoas.

Têm no ventre a robustez das naves

No bico a calma súplica das águas…

Almas silentes, vultos pelas sombras,

Sonhos sentidos armam madrugadas.

Alçam voos nas penhas, são pombas

Rumo ao horizonte, asas libertadas…

Vogam em viagem desdobrando cais

Sem pouso, sem beira, almiscaradas

Libertas no tempo, lá ressuscitadas…

Não vão, nem voltam. Serão nada mais

Que fuga, evasão, delírio nas quebradas

Cavalgando insanas horas nunca dadas…