EU, QUE SOU?

Um babado do tempo é a vida, lindo enfeite,

Bordado em colorido e costurado à saia.

Não sei se alguém conhece em parte alguma, alfaia,

Que mais se ajuste ao belo e agrade, e mais deleite.

O tempo é poderoso, e auto-suficiente,

Vive eterno, não pára, eis que a alvorada raia,

E desce o ocaso dia a dia. De atalaia,

As horas vão marcando o todo eternamente.

Eu, que sou? Minha vida? Um simples coadjuvante,

Um complemento obscuro e vago, luz cambiante,

No bonde que alavanca e impulsiona o tempo...

Viestes de onde, tempo, em que era obscura e ignota,

Tomaste vida e ação, para seguir a rota

Do eterno, do absoluto? Ah! A eternidade é tempo...

18.11.08. 19 horas.