O Sal da Terra

(À Clarrissa Yemisi)

Jogar-se toda em água tão profunda e densa

Ver-se imergir numa amplidão, no não dizível

Ser enfeitada à sutileza do invisível

Trajar o sal e marinar-se numa crença

De ter o mundo, não por força de sentença

Mas sim de entrega e arrastar-se no infalível

Correr das ondas oscilando no seu nível

Descreditar a qualquer outra recompensa

Que não o esforço: ser em vida consumida

Somar-se ao mar no turbilhão desse contato

E decantar-se ali nas bordas, no cascalho

Magnetizando substãncias parecidas

Que tenham gosto em ter o solo temperado

E se derramem em infrutífera poesia