ESPAIRECENDO

(Ao meu pai – em memória)

Caminho pelas ruas sem destino, ao léu...

Como papai diria: – “para espairecer”.

Olhando em volta a vida, ao longe olhando o céu,

Eu contemplo a beleza desse alvorecer.

Aqui ladra um cachorro, ali canta um xexéu;

Uma criança chora ao peito – quer sorver.

Dissipa-se da bruma, pouco a pouco, o véu.

Neblina na baixada – hoje não vai chover.

Tropeço num buraco da calçada e tenho

Vontade de dizer um nome..., e me contenho;

Nem tudo é tão perfeito que não possa ter

Um buraco, uma pedra, um deslize, um defeito.

Só nosso Deus é bom, só Jesus foi perfeito.

E eu volto a saborear os tons do alvorecer.

26/02/05

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 08/04/2006
Código do texto: T135685