Soneto

– Pensem na moça grávida!

[ – De quem?

Daquele frisson de uma noite? – Não:

Do pai que será avô de outro João:

Amargurado fruto... – Ou Zé Ninguém.

– Pensem na filha prenhe!

[ – Ai, Deus! Quem é?

Ainda o avô que é pai? – Já não, mulher!

Mas quem se deita à força e despetala

O sorriso da velha messalina!

Tem seu pão a mulher! Porém, à Igreja,

Há-de ser virgem santa, espectro, ou seja,

Um vinho não lhe desce (da vagina)!

Mania de outras cruzes por quem veio

Pra morrer por nós (como Gandhi, eu creio)!

Mas quantas sem retórica e sem fala!

Teresina, 03 de Janeiro de 2009