O RETIRANTE

Banido pela seca do sertão, fizera

Uma viagem sem volta, em busca de igualdade.

Deixando uma mulher e filhos na tapera,

Galopou no seu sonho de felicidade.

Só quando lhe caiu a última quimera,

Bateu-lhe na razão a dura realidade...

Pois que tão diferente dos seus sonhos era

O cotidiano cruel de uma grande cidade.

Sem trabalho, sem pão e sem sonhos sequer,

E tendo uma tapera, filhos e mulher,

Chorou pedindo a Deus lhe deixasse voltar;

Mesmo que fosse assim, de mãos puras, vazias,

Mesmo pra passar fome o resto dos seus dias,

Mesmo que fosse até pra nunca mais sonhar.

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 13/04/2006
Código do texto: T138780