A LÁGRIMA DE DEUS

Como se fosse a lágrima pingente,

Que rolasse dos olhos marejados

De Deus, a estrela pálida cadente

Que eu vi descer dos céus iluminados,

Fez-me pensar na dor de um Deus clemente,

Que viu, na cruz, os membros lacerados

Do filho amado, único e inocente,

Para salvar os homens dos pecados.

E hoje, depois de quase dois mil anos

De tanta espera e tantos desenganos

Fica Deus ainda mais cheio de mágoa;

Contemplando o seu mundo com tristeza,

Vê nas ações dos homens a vileza,

E fica, então, com os olhos rasos d’água.

Raymundo de Salles Brasil
Enviado por Raymundo de Salles Brasil em 15/04/2006
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