DUBIEDADE.

“Amigos poetas, um coração de gente”.

Mário Simon.

DUBIEDADE.

Soluça no poeta um coração de santo,

Ora cantante e alegre, hora magoado e triste.

Suponho que Deus vive e mora, Deus existe,

No peito do poeta e pende do seu canto...

E nisso de ser manso e triste, se me espanto,

No sentimento o exalto. E ele não desiste

Do ser e do não ser, do vago alegre/triste.

De seu pendor de rir e de chorar, me encanto.

Porque o poeta sempre chora ou sempre canta

E sempre bisbilhota e nunca está contente?

Eis, nisso não o entendo e nisso mais me espanta...

Que gosto de ser e dúbio e inseguro e incerto,

De vacilar na ida e vinda, ser pingente

Da vida, e ter por sempre e sempre o peito aberto...