NORTE PERDIDO

 
De tanto vagar entre gélidos mares
O meu espírito fenece entorpecido!
Qual migrante a temer o desconhecido
Ou ave penitente sem alçar os ares!
 
Ajoelho-me perante múltiplos altares
Num lamento silencioso e compungido!
Longe da razão... vilmente entontecido
Na ausência-presente de intensos amares!
 
Olho ao redor e entrevejo os tristes pares
Dum norte no desengano percorrido...
E pela força da solidão vencido
 
Fonte esvaída sob o céu dos cismares!
Lançando-me aos desejos frios e vulgares:
Anjo maculado... nessa dor destruído!