Sou bicho-homem, sou o rei desse pedaço! Sou penhara do regaço! Se não fores do meu clã, eu te condeno, eu te rechaço!
Toada Caprichoso



 
NATIVO LAMENTO



 
Deus Tupã este solo sagrado proteja
Das queimadas e ganância invasora
Que a tudo destrói de forma agressora
E aos sete caminhos da morte* alveja!
 
Por justiça a alma não mais enseja
A esperança se faz, em mim, desertora!
Esmagam-me no fervor da ação predadora
Evocando as lágrimas do céu que troveja!
 
Eu necessito de paz... embora, esteja
Destituída da minha integridade
Fragilizada por tanta atrocidade
 
Resquícios do vento que a floresta areja!
Pois, agora quando a firmeza fraqueja
Clamo à tua desprezada hombridade!



 
*Sete Caminhos da Morte = ritual de iniciação Munduruku (tribo indígena descendente dos tupis. Habitantes do Rio Tapajós/PA, conhecidos como os “Cortadores de Cabeça”

www.rosanevolpatto.trd_br/indiosmundurucu.htm