Soneto ao Vinho
Ah! O vinho, supremo néctar da festa!
Saborosa ilusão, liquefeita e plangente,
Que me acalenta na fria solidão funesta
E inflama o ócio que me turva a mente.
Rubro e delirante no vapor do assédio,
Flameja doce feito um fantástico idílio
Que expulsa do peito a chaga do tédio
Numa torrente de puro deleite e delírio!
Fiel companheiro da hora triste e morta,
Mesmo aprisionado no seu vítreo mundo,
É o ultimo prazer que me sacia e exorta,
E me força a penetrar no âmago profundo
Dos anseios castos de minha mente torta...
Ah! O vinho... é o que resta ao moribundo!