QUE FAZES TU?
                                        Lílian Maial


Que fazes tu, sentado à beira de uma estrada,
se o teu lugar é no mais alto pedestal?
Se no lugar aonde esperas tua amada
não há sorrisos, por que insistes, afinal?

Que fazes tu, de cicerone da alvorada,
se, em teu caminho, resplandece um roseiral?
Por que perder, com tanta dor, a madrugada,
quando o remédio – a poesia – é teu bornal?

Que fazes tu, que não assumes teu papel,
que não enxergas que teu estro é tão perfeito,
e jorra livre pelos dedos já cansados?

Que fazes tu, sentado à beira do revel,
quando essas mãos já repousaram no meu peito,
e me escreveram tantos versos sonegados?

 
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