UM BRINDE A BACO


Eis das uvas o sangue, rubro, opaco,
das orgíacas taças das bacantes,
o sangue que fez forte o fauno fraco,
que fez Cirne sonhar sonhos gigantes.

Eis o vinho que bebo e brindo Baco,
enquanto vivo a vinha dos instantes,
enquanto levo as nuvens do tabaco
às janelas dos céus, os mais distantes.

Eis dos místicos deuses a bebida
onde exponho meus sonhos submersos,
onde viso visões de despedida.

Bebendo amores, numa taça imersos,
o vinho, pouco a pouco, dá-lhes vida
e dá mais vida aos meus morrentes versos.

Odir, de passagem