Soneto do tempo
Soneto do tempo
Sinto a fragrância de um remoto tempo,
Tento capturar essa jóia faiscante
Lapidada em segundos soltos ao vento,
Formando uma chuva inebriante.
Para impedir o desatar da rendilha,
Tento segurar os fios arredios de cronos,
Perseguindo-o como feroz matilha,
derrubo mil reinos, desabam mil tronos.
Poderosa voz chega aos meus ouvidos:
“Grande insensatez é querer capturar-me”
Rendem se então todos os meus sentidos...
“Perceba a quem você pertence” -disse a voz
“não é a mim pobre marcador das horas,
é ao tecelão de sonhos: mestre kairós!”
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