Soneto do tempo

Soneto do tempo

Sinto a fragrância de um remoto tempo,

Tento capturar essa jóia faiscante

Lapidada em segundos soltos ao vento,

Formando uma chuva inebriante.

Para impedir o desatar da rendilha,

Tento segurar os fios arredios de cronos,

Perseguindo-o como feroz matilha,

derrubo mil reinos, desabam mil tronos.

Poderosa voz chega aos meus ouvidos:

“Grande insensatez é querer capturar-me”

Rendem se então todos os meus sentidos...

“Perceba a quem você pertence” -disse a voz

“não é a mim pobre marcador das horas,

é ao tecelão de sonhos: mestre kairós!”

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Katia Silene Ceregatto Venturoli
Enviado por Katia Silene Ceregatto Venturoli em 15/05/2006
Código do texto: T156514