A FLOR E O ESPINHO

® Lílian Maial & Nathan de Castro

Não sei o olhar da flor sem ver o espinho,

Que fere, ao mesmo tempo em que me encanta;

Seduz minh'alma, canta e se alevanta,

Perfuma e deixa sangue no caminho.

Não sei o olfato, e a estrela que adivinho

Reluz, feito pepita, e então me espanta,

Mas quando a noite é pouca e tanta e tanta,

Me deixa essa fragrância sem carinho.

Canção de sóis, de luz, de pão e vinho,

Teu corpo é ceia farta em terra santa,

Qual templo, onde venero a deusa infanta.

E a flor que desabrocha é onde me aninho,

Mas vem este soneto tão daninho,

E amarra um nó, em rimas, na garganta.

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