intangível misterioso

a manhã ainda nasce, sinto e fervo

tudo é tão sutil, fugáz e fluido

sinais, impulsos chegam, nervo-a-nervo,

desfaz-se o mundo em brumas por descuido.

a vida só consumo, turvo acervo

oh! segundo, teu mundo é tão puído!

goteiras pingam letras, eu escrevo

no amor que ao sumir já vai sumido.

abrem as asas, aves perdulárias

do efêmero o concreto branco e preto

os albatrozes douram albas várias.

duas asas, o vôo no terceto

epitáfio, precárias procelárias

penduro dois hai-cais em meu soneto.