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Já o céu escarra e alivia o peito

O silêncio após o estrépido anuncia

Que sobre nós desabará sua alegria

Entoando águas tonantes. Dito e feito.

Alegres são, águas, ao triste leito!

Que passara só, noites e dias,

Rio, fontes de desgostosas poesias,

Que antes da chuva corria contrafeito.

Valha-me Deus, águas, mas vejo-as tristes

Meu coração malandante não entende

As boas venturas que o teu corpo prepara

Valha-te Deus, águas e canções seguintes

Meus olhos líricos agora compre'ende

Que ri com quem ris, mas para mim são lágrimas.

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[ soneto feito em São Paulo, 19 de Fevereiro de 2008

Guilherme Trezis de Bastos

Guilherme Bastos L
Enviado por Guilherme Bastos L em 07/05/2009
Reeditado em 07/05/2009
Código do texto: T1581539