O ESCRAVO
Todos os dias, sob o sol curvado,
- Cobre-lhe as costas uns cordéis de renda -
De enxada às mãos, sereno, conformado,
Revolve, o Negro, as terras da Fazenda!
Da estorricada pátria separado,
À noite sonha, na horrorosa tenda:
Morta a esposa e o filhinho abandonado
Dos areais, na saturnal vivenda!
E então, enlouquecido, visionário,
Acorda, na paterna dor que mata,
E agride a todos, fero, extraordinário!
Depois... o tronco, os ais, a sorte ingrata!
Na dor mais triste, o Negro solitário
Morre sob a courama da chibata!