O ESCRAVO

Todos os dias, sob o sol curvado,

- Cobre-lhe as costas uns cordéis de renda -

De enxada às mãos, sereno, conformado,

Revolve, o Negro, as terras da Fazenda!

Da estorricada pátria separado,

À noite sonha, na horrorosa tenda:

Morta a esposa e o filhinho abandonado

Dos areais, na saturnal vivenda!

E então, enlouquecido, visionário,

Acorda, na paterna dor que mata,

E agride a todos, fero, extraordinário!

Depois... o tronco, os ais, a sorte ingrata!

Na dor mais triste, o Negro solitário

Morre sob a courama da chibata!

Lucan
Enviado por Lucan em 18/05/2006
Código do texto: T158491