Soneto torto de maldição torta

Seja em ti um sentimento venoso

que circule e entupa teu coração,

envenene o ar de ti turgescente

que sufoca o meu ermo de emoção.

Mas que não te mate, te deixe em coma,

e te pareça eterno um mero segundo,

para sentires quanto amargo é o gosto

de calar a voz para qualquer mundo.

Tremas ainda ao som da tua fala forte,

sintas o quão nefasto e desperador

é somente ouvir-te e conter o falar

e seja em ti só o desejo de morte

sabendo que tua voz é a causa da dor,

e queira morrer, e não possa se matar!

Júlia Carrilho Lisieux
Enviado por Júlia Carrilho Lisieux em 21/05/2006
Reeditado em 18/01/2008
Código do texto: T160027