TRAJETO EXVERDEJANTE

Era uma folha, um galho, um tronco, era um arbusto
Uma paisagem verdejante um paraíso vivo
Que de um relance em poucas décadas um susto
Tornou todo o esplendor em solo improdutivo

Então a folha, solitária, voa e dança
Busca paragens novas, tentando encontrar
Um mar, um lago, um rio, aonde a vista alcança
Um fino fio d’água onde se saciar.

Mas não restou um tronco, um galho, um só cipó,
Uma molécula de tez esverdejada,
Uma gotícula de orvalho, uma só...

E a folha seca agora esfacelada em pó
Esvai-se ao léu no vento e deixa pela estrada
A sombra do vazio, a extensão do nada...


Oldney Lopes ©
Brumadinho, 19 de maio de 2009.

21:09h.