O tesouro da câmara secreta

O vazio se vale do que, pleno,

O preenche e ao existir o realiza

No triangulo, ponto, ou na baliza

Quase amorfo, no átomo pequeno,

Seja pedra, granito no terreno,

Cresce feno, fenece com a brisa,

A matéria bruta onde se pisa,

Oferece de tudo, até veneno.

E o que sólido esvai-se pelos ares,

O tesouro da câmara secreta,

Sendo o nada, retorno ao primo estado,

Onde tudo acontece com azares,

Infinito no tempo, mas discreta,

Nada e tudo ocorrem: é nosso fado.