A nossa comunhão
A nossa comunhão
Cândido
Era o sopro dum sonho, no relento,
Que se esvaía ao longo do caminho:
Lençol tecido em braços de carinho
Guardado no baú do esquecimento.
Ouviste o ultra-som do meu lamento:
Pio dum desasado passarinho.
Deste-lhe as penas doces do teu ninho
Como quem oferece um sentimento.
Tu foste o vinho doce, eu fui o pão
Que tomamos na nossa comunhão,
Sobre o divino altar da nossa essência.
Serás o dia leve, evaporado,
Desde os etéreos versos do meu fado,
À derradeira noite da existência.
Cândido