Meu Passamento

Não veio hoje esta manhã tão pura

De um céu azul e alegremente claro;

Em seu lugar, um vendaval amaro

Acompanhado de uma névoa escura.

E no meu peito, tal qual a sepultura,

O coração ao funeral preparo

De tudo aquilo que me for mais caro

Num cemitério de hedionda agrura

Pois ao morrer, num último gemido,

Na escuridão funérea do meu quarto

Pousado ao meu leito apodrecido

O abutre vislumbra estupefato

Nas faces do meu rosto contorcido

A estranha alegria com que parto.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 31/05/2006
Código do texto: T166379
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