À Minha Mãe

Que amor existe nessas mãos doentes

Que afaga, humilha, manipula e enlaça,

Jogando-nos, coitados, na desgraça

Das mágoas deste mundo dos viventes?

Depois que o útero, em dores contundentes,

Num vômito de alívio nos rechaça

Transforma-nos a todos na carcaça

Que os bichos comerão futuramente.

E logo, nesse hiato que nos reste

Entre a vida e uma morte anunciada

De dores, de tormentos e de peste

Sabei, ó minha mãe equivocada

Que eu não pedi o prêmio que me deste

E não lhe devo, simplesmente, nada...

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 31/05/2006
Código do texto: T166383
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