PEGADAS DA AUSÊNCIA

 
Encontrei as tuas pegadas noutra estrada
Cravejando-me a pele com profundo espinho!
O meu abraço não é mais o acolhedor ninho
Donde repousavas a essência enlutada!
 
Indiferente, conservo-me escravizada
Como entontecida em insalubre vinho!
Tropeçando a cada passo do caminho
E a sentir a amargura na alma enraizada!
 
Ao amanhecer elevo a face orvalhada
A suplicar o esquecimento dum dia!
Refugiada compungida na abadia
 
Cego tributo à confiança desgastada!
É mortalha da prudência encarcerada
Enredada, em devaneios, numa agonia!