Delíquio
Pr’o deleite do amor da minha vida,
Liquefaço-me em riachos de prazer.
Nossa aura, junto aos corpos, colorida,
Tons vermelhos de paixão a derreter.
Faço amor com languidez e com malícia,
Serpenteando sobre as dele minhas curvas.
Sem conflitos, castidade e impudícia
Já se fundem nesse mar de ondas turvas.
Somos água nessa hora e, sem limite,
Escorremo-nos em fluidos livremente,
Saciando a nossa sede com apetite.
Nessa Morte, bem coladas, nossas bocas
Passam, d’uma para a outra, num bafejo,
A ilusão da eternidade que é tão pouca!