O que escrevo

O que escrevo vem de mim, me subjuga.

Já até tentei calar, manter silente

Esse fogo que o meu prantear enxuga,

Mas de nada me valeu até o presente.

Vaidade nunca tive com meus versos,

Eles surgem logo após a contração.

Ventre lírico, num parto bem transverso,

Pois que nascem sempre gêmeos e pagãos.

Sem magia, o amadorismo rege a pena e

De uma fonte, que eu não sei qual é, respinga

Rima fácil, poesia tão pequena!

Eu então deixo que venham desse jeito,

Doloridos, iguaizinhos e impacientes.

Só assim sinto limpar-me o inulto peito...