Urbano II (Os Vândalos)

Este som que me entorpece, este sol que desfalece

Entre os terraços-vigia, refratando, à revelia

Dos comediantes néscios, amotinados dos tédios,

Toda franca picardia! – eis a via dos poentes.

Sãos doentes de alegria, ex-cristãos sem nostalgia,

Todos numa roda vívida de lúdica anarquia,

Nós fluímos, brumas verdes, desrebocando paredes

– Nosso sábio vandalismo abismando os pais das crias.

Mas não vamos muito longe, nossos telhados de vidro

Mal-talhados são os freios dos anseios por perigo.

Ah! quem dera fossem seios que nos servissem de abrigo!

“Abrigo” foi o que eu disse? Mas o que tanto fascina

Na versejada dor das torres que agonizam das rimas

Que não seja o diluir das circunscrições umbralinas?