Balada para Cecília

Se eu hoje acordei um pouquinho triste,

Como o pássaro feito de papel...

Não voa... O passarinho de Ravel...

Não tenta... Não se esforça... Não desiste...

Eu não! Acordar triste não é peso,

Jamais impediu alguém de voar.

Às vezes é mais leve até que o ar,

Parece a flauta que ouço quando rezo.

Pois a tristeza assim, itinerante,

Sustenta as minhas asas sob estrelas,

Fazendo-as subir altas – norte e sul...

Se eu acordei tristonho, não se espante

Se ao fim do dia eu sorrir – madrepérolas –

Ao céu, que nunca é negro – é sempre azul...