Embriagado


Voltei agora. Noite escura pelas ruas.
Um tanto alto, um tanto fraco, um tanto só.
Fui esquecer as dores minhas, dores tuas.
Já não me lembro e agora tudo virou pó.

Rodei a esmo e me larguei em qualquer canto,
fumei, bebi, fui me matando pouco a pouco.
Cantei, sorri, me embriaguei bem mais que um tanto.
Sofri, chorei, mas não morri porque sou louco.

E neste instante, em que os efeitos da bebida
liberam dores, soltam sonhos, livram travas;
um bem me fazem, entorpecem morte e vida
e me remetem ao fascínio das palavras.

Quando estou alto, vêm tristeza e euforia.
Tudo entorpece exceto a minha poesia.