Soneto do Suicídio
Não me impeça, eu lhe imploro, não me impeça:
com certeza o pouco que me resta já me é muito
e nas misérias é que me viro, implorando
por dizeres que não quero ouvir.
Jure nunca mais jurar, pecado difamante
daqueles que morrem por dentro já apodrecidos por fora.
O ceticismo fétido das imundícies subumanas
ou a putrefação gelatinosa das carcaças inquisitoriais.
Apago o fogo da minha mente, descrente desse mundo
crepitante e longe de sadio. Doentio, por demais fatídico
e insensível, a tantos invisível, nas masmorras de sua glória.
Atiro o projétil de mim mesmo, abismal e colossal,
às profundezas dessa realidade nefasta e repugnante.
Aguardando o momento derradeiro, quando, finalmente, descansarei.