Soneto do regresso

São tardios os passos que espero,

Leves como um pisar de seda nos caminhos,

Pássaro errante de volta a antigo ninho,

Uma visão de alguém que muito quero;

É amargo o sorriso de quem volta,

Qual lusco-fusco de um vaga-lume,

Trazendo enorme fardo de queixumes,

Tendo esperança e tristeza como escolta;

Como é estranha a dor que se revela,

Em meio a um sonho que não foi sonhado,

Não passando da sombra de um passado,

De muito amor, de dores e quimeras!

Hoje... se apaga a mágoa dos amantes,

E tudo volta a ser como era antes!