O ÉBRIO

Vi, na espelunca onde a bebida entorna,

Enquanto o sol morria, majestoso,

Como um monarca na habitual madorna,

Cobrindo a terra de carinho e gozo...

Vi o ébrio estático, na triste jorna,

No balcão encostado indecoroso!

Ao longe o som do malho na bigorna

E o canto triste do peão saudoso!

No rosto do ébrio, vi correr o pranto

E pareceu-me ver — cordeiro e santo —

Em vez de um ébrio, um infeliz qualquer.

Cheguei mais perto e vi que ele chorava

Tendo nas mãos — no embalo da alma escrava —

Uma foto esmaecida de mulher!!!

Lucan
Enviado por Lucan em 30/06/2006
Código do texto: T185070