A NOITE
Ao longe, o som do malho na bigorna
E o canto triste do peão saudoso!
No horizonte longínquo o sol adorna
De rubro o céu no ocaso, silencioso!
O dia vai dizendo adeus, partindo.
A bruma desce triste como o açoite.
Toda a esperança — qual um sonho lindo –
É sepultada no caixão da noite!
Depois... até que o galo acorde a aurora,
Ai! Quanta gente desprezada chora
Presa nos labirintos da ilusão!
Mas... às vezes, a noite — fada rica! —
Traz-nos o amor, benévola e pudica,
Envolto numa colcha de paixão!