Uvas de Akita

I

As uvas de Akita, são maduras, macias, saborentes.

Sabem-se, sabe-se lá por que abstrusos meios?

Sabem-se especiarias, saborosas, além de tudo - ardentes!

Ardem as tardes, queimam os corpos, num cíclico volteio.

Voltam-me em catadupa, revivescentes, os prazeres provados.

Fica a cruel dúvida: primaz a lembrança? Ou quiçá o gozado?

II

Num mágico farnel, agrupam-se como um exército em formação.

Gotas de cristais, a brotar do umbigo, como pedaços de diamante.

Juntam-se às nômades uvas, calda de pêssego, papilas em adoração.

Em sagrada Igreja ela se torna; em seu altar se prosta o amante.

Prova do vinho, do corpo também. Nada olvida, tudo devora.

Mata a fome do Ontem; sacia o Hoje; vive! Intenso! Explode o Agora.

III

Como naus perdidas em Calmaria, andam o Tigre e a Cadela

Guardam, com avarento temor, as venturas vividas, nunca sonhadas.

Num mar de sonho, em indevassável, invicta, dourada cidadela.

Depositam as lembranças, das uvas, das tardes, das fantasias realizadas.

Poeminha escrito para expressar a incerteza do grau de prazer entre a experiência do ato vivido, e o lembrar daquilo que se viveu.

Terras de São Paulo, Setembro de 2008.

João Bosco (Aprediz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 14/10/2009
Reeditado em 12/11/2009
Código do texto: T1865692
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.