Cama Vazia

I

O que trazes mulher? Nestas mãos descarnadas,

Neste peito tão seco, em que quase não há coração?

Por que tu lutas então, se não tens nenhuma emoção

Em tua alma tão fria? Tua vida é vazia: és janela Fechada!

II

Como ousas pensar em amar, se de amor tu não és feita?

Tua boca é amarga. Tua língua é ácida, demasiado ferina

Teu falso clamor não se apaga, carrega o odor de latrinas.

Que coisa mais feia! Quem cai em tua teia, na morte se ajeita.

III

O que levas daqui. Nesse árido viver tão insano?

Que sabes tão inconsistente, ilusório, irreal!

Por que viver com migalhas, apegada ao banal?

IV

Deixa esta vida de gralha! Aspire o perfume da flor.

Coloque mel em teu beijo; receba e dê mais amor.

Penses! Ninguém chega a Deus, sem antes experienciar o Humano.

Trocar o Ser pelo Ter é como viver inconsciente entre vermes, defendendo com unhas e dentes a porção matéria pútrida que lhes dá vida.

Vale do Paraíba, Novembro de 2008-

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 17/10/2009
Reeditado em 11/12/2019
Código do texto: T1871172
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