Soneto do Acarinhamento

I

Tenho de achar um jeito de te amar.

Que tenha a suavidade dos gatos,

O doce ruído das correntes dos regatos.

Para aplacar a minha fome de ti – sem te machucar.

II

Faço cantos à Lua, somente mais outra imagem tua.

Rival invejosa, de tua pele cheirosa e macia.

Nos Bosques, Narciso se entrega ao teu riso – ao te ver toda nua.

Mulher! Aos teus encantos me rendo – em ti eu me prendo – és pura magia.

III

Teu beijo me encanta; de doçura que é tanta.

Teu abraço? Não sei se o mereço. É tão lindo – tão terno,

É mais um recomeço, do que mesmo um findar.

IV

Em teu corpo minha paixão se avoluma, que até aos deuses espanta.

Cavalgando, trilhamos caminhos, alguns também descaminhos - tanto céu quanto inferno.

É por isso, meu amor, que digo sem jeito: tenho de achar um jeito – de te amar sem te machucar.

Amar é transferir para o Outro a preocupação e o carinho que devemos ter para com nós mesmos. Amar é doação – é bem mais Coração que Razão.

Vale do Paraíba, Tarde de Sábado de Dezembro de 2008

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 21/10/2009
Reeditado em 16/01/2010
Código do texto: T1878935
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