Fim do homem

Atordoado pela embriaguez do pensamento,

Cambaleio por entre nuvens, num vôo errante.

Vozes celestes que chegam à mim neste momento

Falam-me dos mistérios que vejo lá distante.

Meu corpo febril e gélido segue para o esquecimento,

Como a ânsia do amor na busca louca da amante.

Contemplo mundos, que não mais pertence a esse tempo,

Vidas que se perdem e em letargo seguem adiante.

Madrugada sombria! na escuridão meus olhos fitam:

Almas incertas, calmas ondas que os ventos agitam,

Seres alados que se encontram, à procura de abrigo.

A luz, as flores, lembranças, agora o tudo é nada.

Lúgubre momento; medito a batalha já traçada...

E em êxtase, espasmos, tento voltar e não consigo.

Guina Soares
Enviado por Guina Soares em 07/11/2009
Código do texto: T1909978
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